domingo, 10 de outubro de 2010

O julgamento exigido por Deus

Respeito muito às opiniões diversas dos irmãos em Cristo. Mas fique claro que respeitar não quer dizer concordar e nem mesmo ser adepto de tal posição. Principalmente quando tratar de assunto doutrinário e de posição pastoral da Igreja. Opinião é opinião. Verdade é verdade.
Como irmãos em Cristo, não me refiro somente aos adeptos das idéias do protestantismo e outras sistemas religiosos. Muitos católicos tem bebido de ideologias e de práticas que são questionáveis. Sem entrar no debate de quais sejam estas ideologias e práticas, desejo neste artigo expor alguns ensinamentos bíblicos a respeito da necessidade de examinar e julgar as coisas (principalmente as práticas, as idéias e as manifestações cristãs).
O julgar e examinar não é contrário ao espírito cristão. Ao contrário: é exigido pela virtude da prudência.
O primeiro texto que desejo expor é de I Coríntios 2, 14-15:

“Mas o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras. Nem as pode compreender, porque é pelo Espírito que se devem ponderar. O homem espiritual, ao contrário, julga todas as coisas e não é julgado por ninguém.”

São Paulo afirma que o homem espiritual deve julgar todas as coisas. A Bíblia de Jerusalém traz a seguinte tradução para o versículo 15: “O homem espiritual, ao contrário, julga a respeito de tudo e por ninguém é julgado”
Em I Tessalonicenses 5,21 São Paulo também diz que devemos examinar as coisas:

“Examinai tudo: abraçai o que é bom.”

Desde o versículo 12 do capítulo 5 de I Tessalonicenses, São Paulo deixa suas últimas recomendações para aquela comunidade. De forma especial, os versículos 17 à 22, o apóstolo deixa instruções referentes a vida espiritual e para a prática devocional. Ou seja, São Paulo expõe claramente a necessidade de examinar as coisas. Na Bíblia de Jerusalém esta escrito: “Discerni tudo e ficai com que é bom”.O apóstolo São João exortando a sua comunidade a respeito de falsos profetas também expõe a necessidade da comunidade examinar o que se prega:

“Caríssimos, não deis fé a qualquer espírito, mas examinai se os espíritos são de Deus, porque muitos falsos profetas se levantaram no mundo.” I João 4,1

São João esta preocupado com o espírito que move as intenções e a exposição da verdade. E como proteção contra estes falsos profetas e ensinos, o apóstolo pede que a comunidade cristã julgue tais pessoas e palavras. O pedido do apóstolo ainda é acompanhado de uma bússola, que julga se o espírito é de Deus ou não:

“Nisto se reconhece o Espírito de Deus: todo espírito que proclama que Jesus Cristo se encarnou é de Deus; todo espírito que não proclama Jesus esse não é de Deus, mas é o espírito do Anticristo de cuja vinda tendes ouvido, e já está agora no mundo.” I João 4,2-3

A respeito dos exercícios dos carismas, São Paulo ordena que o dom de profecia seja julgado:

“Quanto aos profetas, falem dois ou três, e os outros julguem.” I Corintíos 14,29

Até mesmo Jesus, diz que devemos examinar as coisas. No Evangelho de São João esta escrito:

“Não julgueis pela aparência, mas julgai conforme a justiça.” João 7,24

Isto era Jesus falando para todos os judeus em Jerusalém, na festa dos Tabernáculos (ler todo o capítulo 7 de São João).
Muitos cristãos gostam de citar Mateus 7,1 e Lucas 6,37 (1) para dizer que um cristão nunca deve julgar. Afirmam que cada um deve olhar para sua vida e não se preocupar com os atos dos outros. Porém, nestes trechos, Jesus quer ensinar que não devemos julgar com malícia, com maldade e nem mesmo querer se tornar juiz dos outros sem a aplicação da misericórdia. Aqui, temos uma ênfase no julgamento das pessoas em si, através de suas escolhas. Afinal, se julgar os atos e praticas fosse pecado em si mesmo, não teríamos muitos trechos bíblicos que nos falassem sobre o julgamento e o discernimento. Jesus tem uma preocupação em fazer ligação entre o julgamento e a justiça (Cf. João 7,24).
O julgamento também não é aplicado somente às pessoas. Como exposto neste artigo, é importante examinar, julgar e discernir as coisas, principalmente as posições e idéias que nos são apresentadas.
Comecei este artigo, dizendo do meu respeito às opiniões das pessoas. E isto é verdade. Todos têm a oportunidade de expressar o que pensam e o que acreditam. Porém eu também tenho o direito de classificar as opiniões e os pontos de vista como sendo corretos ou errados. Tenho o direito de classificar os fatos, as leis, os atos, as palavras, os pensamentos de acordo com a doutrina que recebi da Igreja Católica. A doutrina cristã ensina que a Verdade é Deus. Deus é a Verdade pura, eterna e imutável. A Verdade nunca muda e nunca pode evoluir.
Não estou mandando ninguém para o céu e nem mesmo para o inferno tendo esta atitude. Estou apenas guardando e protegendo a minha fé. Estou lançando luz, a Luz da Verdade, sobre as circunstâncias e examinando, julgando e discernindo. Afinal, ninguém deve acender uma luz para colocá-la debaixo do alqueire (Cf. Mateus 5,15).
Que Cristo possa ensinar a cada cristão verdadeiro a examinar todas as ideologias, opiniões e práticas a luz da Verdade.
Jesus te abençoe.

Glauber Silveira
G.O. Divina Misericórdia
Ministério Jovem
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(1) Mateus 7,1 diz: “Não julgueis, e não sereis julgados” e Lucas 6,37 diz: “Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados”

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